"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."
Oscar Wilde
Um piscar de olhos pode fazer com que percamos aquele instante que alguns temem e outros perseguem como um ávido caçador, em uma espera árdua, à procura da caça. Refiro-me aqui ao sentimento que move o mundo. Não. Não é a economia, deixo isto para os materialistas de plantão. O sentimento a que me refiro é aquele instante “frio na barriga” que todos nós, humanos, sentimos. E como humano erramos feito animal por desperdiçar estes instantes. A gente acredita que o amanhã sempre existirá. Mas e este instante quando aproveitá-lo? Alguns responderiam que não é para amanhã; outros, hoje. Hoje sempre, infinitamente antes que o dia acabe. Eis aqui um adepto do hoje afinal preza o hedonismo; mas sou do hoje também porque desde seis anos, todos os dias eu me sinto um apaixonado. Não há um dia que acorde ou vá dormir sem suspirar com olhos fechados pensando nos lábios de uma mulher. Porque o maior prazer da vida é amar com o pacote completo, incluso os dissabores e amarguras. Tememos sempre focarmos nas agruras e dispersamos no que é vital: o amor. Que mal há na amargura - não a expiação cristã - além da careta e a dor que nos faz alimentar a alma? Li um dia que a doçura, como comportamento, em demasia cria tédio, enjôo. Penso que muitas vezes fui a náusea de alguém, mas não peço desculpas por isto, pediria desculpas se fosse o próprio vômito. Talvez este equilíbrio, entre o amargor e o doce, venha a valorizar estes instantes sobrenaturais que o amor nos faz sentir, apesar do medo imperar de sofrer. Viver com neutralidade é para quem vive o insosso.
Por Raphael Marques
3 comentários:
È por essas e outras que aprendi a apreciar desde cedo o gosto meio amargo de um beijo de amor.
Beijocas, Rapha.
eu me vi aqui. Parabéns pelo texto e pensamentos.
Rapha, que texto lindo, tão sentimental, tão humano... que honra tê-lo aqui entre nós.
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