sexta-feira, novembro 07, 2014

Sonhos

Recentemente minha querida mãe quebrou o fêmur. Como todo o processo foi rápido (Graças a Deus), nós passamos 4 noites no hospital, sendo uma delas na emergência. Depois desses dias, sonhei umas vezes com o hospital. Sonhei que passei muitos dias por lá, e acabei fazendo amigos. E alguns desses amigos eram os cães que  moravam lá (sim, algo surreal, porque na realidade, o hospital não abriga cachorros). Em um dado dia, em que eu passeava por eles tranquilamente, eles resolveram me atacar. Correram até mim com essa intenção, e eu não entendia porque cachorros que até então tinham se dado bem comigo, mudaram de ideia, e passaram a ter a intenção de me machucar. Fui salva por alguns funcionários.
Eu fico encucada com sonhos, mas eu deveria mesmo ter jogado no bicho. Por outro lado, penso que esse sonho pode ter a ver com relações onde a confiança se quebra, onde há traição, e você não entende muito bem, o porque de as coisas terem tomado rumos tão estranhos. 

domingo, outubro 26, 2014

Eu disse que os dias passaram tal qual inferno astral. Apressados, cheio de detalhes que eu não percebi, cheio de coisas que abandonei, cheio de sorrisos que eu não dei, olhares que eu não troquei, gentilezas que não fiz; mas cheio, cheio das lágrimas que eu chorei, em todas as praças da cidade, todos os cantos, todos os bancos, enquanto eu divagava ao sol do meio dia; meio dia esse, que cheirava a azeite velho no tacho da baiana. 

terça-feira, outubro 14, 2014

Salvador, Bahia




Saí de casa cedo. As circunstâncias me foram cruéis, então, 8:20h eu já estava na Barra. Sentei-me na padaria, e tomei mais um café. Esperei o shopping abrir, entrei, rodei, comi torta. Desci para o Farol. A praia estava especialmente linda. Segunda-feira de sol intenso, e mar vazio. Momentos como esses, nos dão certezas: ser feliz não é tão difícil. Mas, enfim. Escolhi uma cadeira, sentei. Tomei sol, contemplei o mar, li algumas páginas de um livro. Deixei a tarde chegar, me encaminhei para o Centro da cidade, lugar que eu amo. Fui tomar o sorvete de brownie da Cubana. Realmente, ser feliz não pode ser tão difícil, quando a gente tem sorvete de tapioca tão pertinho. Mas hoje eu senti solidão, e eu não sei porque ela tem se chegado assim, tão sempre, se esfregando em meu peito, impregnando minhas narinas de seus odores, pra me sufocar. 

sexta-feira, julho 25, 2014

Convicção



É muito cedo para imaginar se estou satisfeito com o que construí de mim mesmo e tarde demais para ter aquela sensação de plena certeza.


A sorte da convicção vem do imperfeito e cabe um mar de amor no céu da boca. 

segunda-feira, julho 21, 2014

terça-feira, junho 24, 2014

Receita



Captando sua sensibilidade em toques
Deixando digitais no seu corpo
Encostando a língua no lóbulo da sua orelha
Entregando meus beijos

Friccionando minha anatomia à sua, nos encaixando...

domingo, junho 22, 2014

I'll be hunting high and low


Fui correndo a Salvador. Cover de The Smiths num bar da cidade pra comemorar o aniversário de um amigo. Éramos 3. Três mosqueteiros, a cruzar a noite, insólita, bebendo aqui e ali, caçando diversão. A chuva deu uma trégua na noite, e a capital, mesmo invernal, não faz frio. Noite perfeita pra perder o sono, pra perder o senso, deslizar pela noite sem lua, calçar aquele salto - que dá vontade de tirar, e dançar de olho fechado ouvindo A-Ha...

quinta-feira, maio 29, 2014

Maio despedaçado


Café fumegando na xícara vermelha da minha mãe. Hoje decidi não tomar o ansiolítico, acompanhante das últimas noites. Ele me deixa dopada e esquecida, e é fato, gosto de registrar os acontecimentos. Precisava lembrar. Maio passou. Meio como os outros meses. Meio duro, meio frio, meio aço cortante. Tomei tarja preta pela primeira vez, e dormi 11h ininterruptas. Liguei para um rapaz, chamei-o pra sair, ele disse não. Vale dizer, que ele já havia manifestado verbalmente, o desejo de ficar comigo, e já tínhamos nos beijado dias antes. Reiterei o pedido, e a resposta obtida foi a mesma. Fui na formatura do meu melhor amigo, encontrei aquele que foi o meu melhor namorado: nos beijamos. Meio sonho, meio fantasia, meio aquele amor que nunca acaba, que fica arrumando jeitos para se perpetuar, e o destino, e o universo conspirando pra a gente não deixar de se amar.



(A imagem eu retirei daqui: http://juhmis.wordpress.com/ )

quarta-feira, maio 14, 2014

Coração

Bicha devia nascer sem coração. É, devia nascer. Oca. É, feito uma porta. Ai, ai. Não sei se quero chá ou café. Não sei. Meus nervos à flor de algodão. Acendo um cigarro e vou assistir televisão. Televisão. O especial de Roberto Carlos todo ano. Ai, que amolação! Esse coração de merda. Bicha devia nascer vazia. Dentro do peito, um peru da Sadia. É, devia.

Célio conheceu Beto na estação de trem, em setembro. Moreno bonito. Célio acariciou o membro de Beto no aperto vespertino, no balanço ferroviário. Beto gozou na mão do viado. Encabulado, mascou seu chiclete, desceu e nem olhou para trás, para Célio. Célio feliz por um certo tempo. A gosma entre os dedos. A porra a gente esconde no ferro, debaixo do banco.

Depois encontrei com ele de novo. Oi, oi. Perguntou se eu tinha um cigarro, se morava na XV de novembro. Se eu trabalhava, de quê trabalhava, essas coisas. Se ele podia me acompanhar até em casa. E você? Deixei, deixei. Eu não tenho medo. Se for ladrão, não tem o que levar. E ele parecia, sei lá, um menino bom. Bafão, mona. Abra a janela que eu estou ficando tonta.

Era feriado de 7 de setembro. O povo descendo cariado, passando catracas, barracas. Célio se sentindo…
A dona do puto.
… na companhia de Beto, que vestia  camiseta branca, calça bege, meio jegue, de peito cabeludo.
- Chegamos.

Havia cacharolas cinzas no fogão, pratos, ossos e esponja. No quartinho, colchas coloridas.
Conquista de território.

Aí o bofe tomou um ki-suco de morango, comeu um omelete, conversou pouco e nada. Não rolou nada aquele dia, acredita? Ele travou, não sei. Não-me-toque, eu não toquei. E assim a gente ficou. Ele saiu chupando um chiclete de uva-maça-verde. Eu amarelei.

Depois disso, quem disse que Célio se concentrou nos seus desenhos? Fazia moda verão, inverno, jaquetas e turbantes. E pensava na boca do Beto, no desodorante. No dia em que ele gozasse no seu travesseiro de cetim. Ai, ai de mim. Procurou o moreno em todos os vagões. Não esqueceu nenhum. 

A pior coisa, amiga, é uma trepada quando fica engasgada. Vira uma lembrança agoniada. Uh!
Encontrou Beto uma semana depois. Na mesma hora em que estava masturbando outro, desiludido e oco. Um loiro que nem chegava aos pés do moreno misterioso. Epa! Correu e disse alguma coisa: algo como “Omelete recheado”. Vamos de novo?

Foram e chegaram.
No quartinho, colchas coloridas. Conquista de território, nunca se sabe. O mundo é cheio de voltas desconfortáveis. Mas de hoje não passa.

Ai o bofe tomou ki-suco e comeu omelete. Tinha bolo Souza Leão. Foi quando ele perguntou se podia dormir comigo aquela noite. Claro que sim, se não! O rádio-relógio tocando Maria Bethânia, as canções que você fez para mim. Eu não tive dúvida. Fui tirando a roupa do bofe. Uau! Menina!  Bicha devia nascer sem coração, tô te falando.
Quando acordou, depois de tanto prazer, cadê o amor? O menino saiu, na madrugada. Evaporou-se. Como? Célio viu se tudo na casa estava em ordem. As caçarolas intactas, os ossos continuavam à mostra. Ora, que menino mais capeta! Só sobrou o chiclete, acredita?

Ai, ai. Mesmo assim, cheio de formiga.
Cheguei atrasado na confecção, na terça. Não quis almoço, não fiz marmita. Lá fui eu de novo atrás do bofe. Como uma anta perdida. Não tem coisa pior do que o abandono. Depois de uma trepada daquela, tudo parecia ser eterno. Aí é que a gente se engana.
Nada, mona.
No lugar do coração, bicha devia ter uma bomba. A minha vontade era ter uma granada, para estourar no trem. Para fazer uma desgraça, juro. Só assim, Deus vai olhar para mim. Vai me trazer de volta aquele anjo. Sim, porque era um anjo. Não me roubou. Não me bateu. Sabe o que ele me falou? Que queria ser corredor de Fórmula-1. Vai ver foi isso. Zummmmm.

Até hoje, nem sombra. Célio não quis saber de outro cara. Mesmo que alguns só faltassem esfregar o pau na sua…
Você me respeite.

Tem um, lá no Brás, que vive convidando o Célio para ir ao parque. Para comer tapioca com creme de leite. Naquele Natal, até ganhou do cara um peru da Sadia, um vinho…
Não agüentei ficar em casa, sozinho, e vim tomar um café com você. Essa bosta de tristeza que bate  no coração da gente, de repente. Que desmantelo! Bem que Roberto Carlos podia cortar esse cabelo. E eu, nascer sem coração, repetiu. É, sem coração.
Para não ter que ouvir essa canção.

Marcelino Freire
 Livro de Contos: Contos Negreiros


terça-feira, abril 15, 2014

Jorge e Lucas

(desenho de Luiza Veras)


Jorge e Lucas eram amigos da faculdade, saiam no final de semana para pegar garotas bêbadas em festas e competiam quem beijava mais. Foi depois de muita tequila que Lucas confessou sua atração pelo amigo e foi depois de muito vinho que Jorge contou à família que namorava seu melhor amigo. 

Jorge e Lucas completam 2 anos de namoro semana que vem.



segunda-feira, abril 07, 2014

Hoje


Porque hoje somente tua saliva mata a minha sede e somente o teu suar apaga meu fogo...

domingo, março 30, 2014

E se...


”E se eu te disser que eu quero aprender a me
Amar e te amar também ao mesmo tempo?
Você teria tempo?”

(Inalcançável você, Leo Cavalcanti)


quarta-feira, março 26, 2014

03 anos



Para Daniel



Eu te chamo dia, pois amanheceu assim, para mim. Trouxe consigo a beleza que me faltava. E se navego nos seus olhos, me perco no mar fascinante, nesse castanho celestial. Das noites sonhadas em vão, que lembranças não quero sentir mais. Ele veio e trouxe a magia, nosso sono é quase um transe e não preciso ter medo de fantasmas perdidos... Respiramos juntos, astutos. Batidas ritmadas dos nossos corações alvoroçados formam a trilha sonora favorita para o repouso no peito do meu amor. Como uma redoma capaz de me proteger dos perigos de ontem, eu sustento nas pontas dos dedos as sensações doces que emanam quando estamos juntos.  Eu beijo na ponta do nariz, e faço votos que essa paz nunca termine. Espero acordar e me deparar com um sorriso junto ao meu. E eu nunca pensei que estar aberto às inclinações mundanas fosse tão interessante. Assistir o relógio passar de maneira desenfreada e não poder fazer absolutamente nada, pois me inspiro nas eternidades que duram pouco mais que meia hora... Bons dia, paixão!


terça-feira, março 25, 2014




Podiam até dizer que era ressaca. Mas era amor.

sábado, março 15, 2014



Ainda estou com o coração na mão. Andei temendo encontrá-lo na rua. Mesmo. Medo da minha reação, ou da nossa. Eu não fiquei bem, mas me refaço. Só acho que o último encontro deixou um gosto amargo, que em nada pode se comparar com o chocolate 85% que você gosta. Amargo pior que jiló. 

domingo, março 09, 2014

Os segredos que eu não conto

(ou Coisas que ninguém entende)


Que eu mergulho em paixões diversas. 
Que meu peito palpita e enlouquece. 
Que a vida alheia me interessa - Que segredos trazem, que histórias tiveram? Em quais lugares passaram e quais as impressões da vida que ficaram. 

Que eu insisto em paixões. 
Que depois de deprimida, me agarro a elas. É questão de sempre. Caso clínico, necessito de médicos, remédios, terapia. Sempre precisei, e mais. Negligenciei. 

Que eu insisto em paixões, parte das quais não proporcionam futuro algum. E mais algumas, não me dão certeza de nada (e eu não falo só de homens)

Que Belchior me define, Marina me excita. Gil me acalma. Rita Lee me fala dos dias jovens. 

Que eu morro muito todos os dias. E que renasço também.
Isso também é paixão. É fênix, é mito. 

Faz parte dos meus segredos, este meu mundo paralelo. Um  viver de coisas que só existem pra mim. São 10 mil flores brotando do chão a cada minuto, inundando. E elas brotam, desesperadas em busca de sol, de luz, do vento, do que as faça viver. O chão úmido. São mais umas mil flores entrando em mim, perfumando. Falo de um sol que aquece a pele, que doura caminhos. Caminhos de terra, de pedrinhas minusculas, roladas. O cheiro da terra no ar, mas o perfume suave das gérberas coloridas ao redor é apaixonante. De pés no chão pra sentir a terra. Vento e chuva. 


Que eu mergulho em mim mesma e fico introspectiva. Que eu mergulho em mim mesma, e desperto meu lirismo, observo as brigas recentes em casa, a queda que eu tomei na ladeira do alberto passos, todas as minhas idas ao supermercado.

Que quando eu mergulho em mim mesma, eu sinto que minha vida será breve. 

segunda-feira, março 03, 2014

Carne de Carnaval



Minha carne é de carnaval
O meu coração é igual.



(Novos Baianos)

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Segredo


Você nunca vai saber que eu te segui com os olhos, aprendi o seu caminho, fiquei de tocaia e sequestrei seu coração.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Sempre assim



Acho que vai ser sempre assim: você repousa em meus braços buscando abrigo e eu me abrigo em seus braços buscando repouso

sábado, fevereiro 15, 2014

Outro


Você nem vai me reconhecer
Quando eu passar por você
De cara alegre e cruel
Feliz e mau como um pau duro
Acendendo-se no escuro
(Caetano Veloso)

quarta-feira, fevereiro 12, 2014


Enterro minhas mãos nas suas coxas enquanto encosto suavemente a minha boca na sua boca...

sábado, fevereiro 08, 2014



Há dores que só cessam com morfina.