principio do prazer -Magritte
corriqueira sensatez
quis fazer loucura-ou tomado pela impulsividade,algo diferente- decidiu escrever cartas dizendo a ela,a sua musa,seu interesse pela vida.
na verdade,um diário,que não fosse insosso incrementado mais por aventuras e observações poéticas.
comentou sobre seu gosto de filmes em p&b e também dos seus cineastas preferidos.
escreveu,de uma forma exibida:
"sabe aqueles filmes que ninguém vê?"
acreditava que ela não sabia,como também não sabia que fazia loucuras e com ela seria mais uma.
.
transcorreu a página amarela até encontrar um parente seu,do mesmo sobrenome.ligou e atendeu uma senhora, depois descobriu que era a sua tia.solicitou a possibilidade de enviar correspondência e entregá-la.
que senhora simpática,pensou.
amar,de forma platônica,é a forma mais cruel deste sentimento,não por ser uma ilusão,mas por criar expectativas da forma do anonimato.
sentir que é anônimo em um mundo de informações,mesmo que sejam informações em forma de lixo eletrônico,angustia qualquer um.
tomou consciência de que era rei,tinha poderes,através das palavras,dos sentimentos e percepções que ele julgava necessário compartilhá-los.
lembrou-se de que um dia escreveu:
eu não tenho rosto,eu sinto prazer quando te vejo.
e não sinto nojo em existir
incoerente também nas palavras.não entendia muito o que escrevia,então só podia ser amor.e para matar as saudades dela escolhia pessoas ao relento,no trabalho,e imaginava que fosse ela.
às vezes sorria e sua interlocutora não compreendia bem.
às vezes,para matar saudades,escolho pessoas e finjo ser você.
e ela nunca respondeu a nenhuma carta ou mail.
@raphamarques
2 comentários:
FODAsticooooo!!
muito muito bom! o cotidiano engole a gente, se assim deixarmos.
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