Hotel Room,Hopper
Um homem é um gênio quando está sonhando.
Akira Kurosawa
SONHOS
na expectativa de vê-la aqui,ao fazer caretas,à minha frente burlesca e receptiva às minhas carícias,ponho-me a sonhar acordado,oh garota infernal, meu sonho mais prazeroso,um dia a sentirei pele a pele os teus poros a dilatar por mim e assim farei valer essas presunções. De um porco que engorda com a solidão,esmera toques ao vazio,lê "amor nos tempos do cólera",escreve poemas desconexos e anda da cozinha para o banheiro,combinado com a cama sem colchão,sem travesseiro,sem perfume,sem o chão amostra,triste,no meio do meu quarto,eu e só e um talher(colher de chá).
onde está meu amor? talvez nos lábios de outro,a pensar em outro,a sofrer por outro,todo o outro que não está em mim mas se soubesse por onde andas meu amor, as cartas enviadas ao endereço errado,estas cartas e eu,em um mesmo envelope,em letras grandes,gigantes como o meu desejo,salivante,por ti:
NEVASCA, NÃO PERDER CONTATO.
NAO CREIO NA VIDA ALÉM DE HOJE,NÃO É PLATÔNICO.
O REAL É TE QUERER,MUITO QUERER...LEMBRA-SE DE MUITO LIQUIDO A SER EXPELIDO AGORA,EM MEU CORPO DA VONTADE ESCRAVA DE TI.
VOCÊ É O MEU TWISTER,MEU PREFERIDO EXISTIR.
O SOBRENATURAL LATENTE DE MENTES IMUNDAS
após sonhos e pêssegos ,a TV ligada,com a colher de chá ao lado,um livro inacabado,relógio e tic-tac(digital bem antigo),quadro cuja tinta desgastada pelo tempo,com ranhuras. As ranhuras,na tela, era do sol de verão.não era uma pintura feia,era uma simples realidade;havia flores,que estavam dentro de um vaso negro e o sol,encardido,parecia ter sido bem límpido...parecia mesmo um quadro do Hopper,esperanças corroídas...faltava o livro. Uma mente imunda para o quarto insólito e a nevasca não parecia querer acabar,porque estava tanto lá fora como aqui dentro de mim. Peguei o livro,a colher de chá e enfiei dentro do pêssego,parti-o em dois .o inteiro à metade,pensei.e comecei a chorar.
Raphael Marques
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