segunda-feira, agosto 23, 2010

era ele?!

bastava vê-lo ao longe em tempo que se esconde para o coração palpitar, a garganta apertar. e teimar calar sentimentos e desejos proibidos não menos coloridos quando olhos se fecham para não escorrer lágrimas.
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bastava vê-lo e perceber-se estranha sem nunca antes tê-lo tocado, beijado, mesmo sabendo, sobremaneira, que, de todos os homens compartilhados entre os orifícios de seu corpo, todos que lhe dividiram o cigarro após o gozo sem compromisso, nenhum deles até então tinha sido digno de seu amor mais verdadeiro naquele quarto imundo e de colchão esfiapado jogado ao chão.
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e enquanto não tinha certeza alguma inocentemente caminhava disfaçando a vontade de segui-lo amando sem que ele de pleno soubesse, ainda que sabotando a si mesma ante o gosto salgado final e recente dos corpos sedentos que dela se desprendiam em riso cruel.
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entretanto, findo o ato, o riso maior era dela. era esse seu trunfo e seu orgasmo secreto. faceta prestes a ser desvendada e, pois, curada, quando o amor verdadeiro lhe tirasse do chão e, aos braços, a levasse para cama.
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um erro, só uma palavra ou o nada?!, cochichou novamente consigo mesma.
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não sabia ao certo, e agora, além de leviana de quereres mil, ama. apenas mulher, à sua maneira, amando um estudante de futuro promissor, boa pinta, boa praça, boa família. por vezes, incapaz de comer tudo que reza. ama de um homem só. este de olhos pequeninamente infantis, não fosse a vida dupla que levavam.
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@m4theuzz

2 comentários:

Anônimo disse...

se era ele ou não... ela foi devorada pela palavra... ele.

Anônimo disse...

Mateus,bom texto.Gostei bastante da sutileza(caos?) do pensamento da personagem
valeu :)

Raphamarques