segunda-feira, agosto 09, 2010

O Homem-Grilo*.

O grilo procura no escuro o mais puro diamante perdido. O grilo com as suas frágeis britadeiras de vidro perfura as implacáveis solidões noturnas. E se o que tanto busca só existe em tua límpida loucura. - que importa? - Isso exatamente isso é o teu diamante mais puro! Mário Quintana.
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Criou essa boa confusão para se sentir confortável de algum modo. Importar-se de menos, e se jogar pra vida como um grilo sedento por liberdade, preso há tanto numa caixinha de ilusões orientais. Mentiu, omitiu, falseou muitas vezes. E sê-lo por inteiro por vezes sem mentiras, omissões e falsidades. Mas, essa loucura, a mesma que lhe dá socos na cara, alimenta seu ser, sua vontade de sair por ai, pulando, voando, cantando, sem ter pra quê, com a mesma facilidade que nega a si mesmo. Aí lhe disseram que o jeito é: ou nos moldamos à falta ou pelejamos para satisfazer todas as nossas vontades... Talvez seja verdade. Rir e chorar, senão das coisas que ninguém entende, e só ele entende.  Sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado*. E quando a saudade se fizer premente novamente, no final, vai sobrar apenas um capricho de criança redesenhado por outra à espera de um anjo.
@m4theuzz
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*O Homem-Grilo é texto inspirado no personagem homônimo de Cadu Simões, na peça teatral Sobre Anjos e Grilos (Deborah Finocchiaro) e, claro, na obra de Quintana, que nada entendia de questão social.
**Guimarães Rosa

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